sábado, 23 de maio de 2015

A santificação é uma meta dos cristãos?

A santificação é uma meta dos cristãos?


O Dr. Shedd aponta como meta dos cristãos serem santos e irrepreensíveis perante Deus, e cita as seguintes palavras contidas na carta de Paulo aos Efésios capítulo um, versículo quatro: “santos e irrepreensíveis perante ele” ( Ef 1:4 ).
Porém, se observarmos o que estabelece Efésios 1: 4, fica claro que a santificação e a irrepreensibilidade não é uma meta que os cristãos devam alcançar, antes é uma condição que pertence àqueles que estão em Cristo segundo a eleição “Pois nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” ( Ef 1:4 ).
Se a santificação é segundo a eleição, exclui-se qualquer outra via, ou seja, a santificação não é uma meta que se deva alcançar através de mudanças de práticas e atitudes.
A santificação não é alcançada através de mudanças de hábitos, atitudes e praticas, pois a Bíblia diz que os cristãos foram novamente criados em verdadeira justiça e santidade “... que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” ( Ef 4:24 ). Também demonstra que Cristo se entregou pelo seu corpo, que é a igreja, para santificá-la pela palavra, a fim de apresentar os cristãos sem mancha ou ruga: santos e irrepreensíveis ( Ef 5:26 -27).
Ora, o que Jesus propôs fazer e entregou-se para realizar agora é uma meta para os cristãos? A obra de Cristo não é perfeita? Os cristãos já não são santificados pela fé em Cristo? (Atos 26: 18).
Num primeiro momento achei que o Dr. Shedd chegou a esta conclusão após ler Hebreus 12: 14 que diz: “Segui a paz com todos, e a santificação; sem a santificação ninguém verá o Senhor” ( Hb 12:14 ). Para um leigo é possível concluir através deste versículo que a santificação é uma meta, porém, para alguém que investiga as escrituras, percebe-se que só é possível chegar até Deus através de Cristo: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" ( Jo 14:6 ).
Ao ler II Timóteo 2: 22, fica demonstrado que somente aos cristãos é possível seguir a Paz, ou seja, juntamente com aqueles que tem um coração puro por invocarem a Deus os cristãos devem seguir a Paz (segui a paz com todos). De que paz o escritor aos Hebreus falou? Que os cristãos devem ter paz com todos os homens, ou que, com todos que seguem a Paz, que é Cristo, os cristãos devem em união segui-Lo?
Somente os cristãos seguem a Paz e a Santificação que é Cristo. Seria um contra senso ter paz com todas as pessoas, se há condição para isto: se possível for "Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens" ( Rm 12:18 ). Ora, no que depende dos cristãos é para ter paz com todos os homens, porém, para seguir a Paz que excede a todo entendimento, que é Cristo, para esta recomendação não há a restrição “se possível for”, antes deve seguir com todos que tem um coração puro e invocam ao Senhor a paz, a justiça, a fé, o amor, etc.
É pela vontade de Deus que os cristãos foram santificados através da oferta do corpo de Cristo ( Hb 10:10 ). É nesta vontade: “Sede santos, porque Eu sou santo” que os cristãos foram santificados pela oferta do corpo de Cristo “Sereis para mim santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos para serdes meus” ( Lv 20:26 ).
Deus não deu uma ordem impossível: “Sede santo”, antes, expressou a sua vontade, e ofertou o corpo de Cristo para levá-la a efeito. A palavra de Deus é expressão da sua vontade, e por isso ele disse: Haja luz, e houve luz. Ele disse: ‘Sede santo’, e é através da sua palavra que os cristãos são santificados ( Ef 5:26 -27), pela oferta do corpo de Cristo, o Verbo encarnado.
Deus é o Deus da providência, e Ele proveu o Cordeiro imaculado pelo qual os homens são santificados. Abrão é um exemplo clássico, pois Deus disse: "SENDO, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito" ( Gn 17:1 ). Ora, bastava Abrão andar na presença do Senhor (crer) que a condição de perfeição seria efetiva.
Deus não deu uma ordem a Abrão como meta para ele alcançar a perfeição, antes demonstrou que, caso ele andasse na presença do Todo-Poderoso, haveria de ser perfeito. Logo após lemos: "E creu ele no SENHOR, e imputou-lhe isto por justiça" ( Gn 15:6 ).
Esta é a vontade de Deus para os que descansam sob Sua providência "Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus" ( Dt 18:13 ).
Por que para Russell a santificação é uma meta para os cristãos? Porque ele entende que o pecado decorre de um processo de aprendizagem: “É assim que aprendemos a pecar: linguagem obscena, comentários desnecessários prejudiciais, usar o nome de Deus em vão, tornam-se hábitos pela pratica dentro de um ambiente onde ninguém cria objeção alguma” Sheed, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2ª Ed., editora Vida Nova, pág. 99.
O erro está em acreditar que é possível ‘aprender pecar’ (É assim que aprendemos a pecar). Para quem acredita que é possível ‘aprender pecar’, a inclinação para o pecado resume-se em hábitos, condutas, práticas, falhas de caráter, formação de caráter, o ambiente onde se vive, etc. Para o posicionamento de que o pecado deriva de um processo de aprendizagem, o meio e o tempo são agentes que exercem influencia direta na santificação. 
A Bíblia diz que a inclinação da carne, por ser sujeita ao pecado, é morte ( Rm 8:6 ), e isto independe de práticas, condutas e hábitos.
Não importa qual seja o comportamento dos servos do pecado, se bom ou ruim, o salário é o mesmo: a morte! É de conhecimento geral que há servos do pecado que são regrados, decentes, comportados, prestativos, carismáticos, cordatos, flexíveis, disciplinados, religiosos, etc., porém, o salário é a morte (ex: monges, padres, ascetas, filósofos, etc) . Também há servos do pecado que são depravados, irreconciliáveis, desobedientes, avarentos, maldosos, soberbos, detratores, presunçosos, etc., mas o salário deles é a morte.
Quem tem este posicionamento acredita que ao viver em um ambiente disciplinado, regrado, de bons hábitos, que corrige falhas de caráter, que preza o bom comportamento, o homem não é sujeito ao pecado? Segundo este posicionamento, os que vivem à margem da sociedade são os ‘maiores’ pecadores?
Como anular a Escritura que diz: “Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nenhum só” ( Rm 3:12 )? Que dizer da declaração do salmista Davi: “Certamente em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe” ( Sl 51:5 ). Qual a diferença entre nascer EM pecado, e aprender a pecar?
Acreditar que é possível aprender a pecar decorre de outro erro, onde o Dr. Shedd define que carne é o mesmo que ‘o esforço do homem independente’: “Certa noite, um líder dos fariseus, chamado Nicodemos, ouviu esta mesma exigência. Jesus declarou que a carne, isto é, o esforço humano independente, somente é capaz de gerar carne (Jo 3. 6)” Sheed, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2ª Ed., editora Vida Nova, pág. 22 e 23.
A Bíblia nos mostra que a carne não é o mesmo que esforço humano. Carne diz da natureza pecaminosa herdada de Adão, ou seja, quem é nascido segundo a semente corruptível de Adão é carnal, porém, aqueles que são nascidos da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, são espirituais.
Ninguém aprende a pecar. Os homens são pecadores porque nasceram em pecado. Há uma grande diferença entre ‘aprender pecar’ e ‘nascer em pecado’. A bíblia demonstra que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, não foi a escola da vida, regrada ou não, que os ensinou a pecar. Eles pecaram porque um homem pecou ( Rm 5:16 ).
A inclinação dos pecadores não se revela na conduta, visto que há pecadores devassos (Samaritana), e há pecadores religiosos (Nicodemos). A inclinação dos pecadores é morte, segundo a natureza e condenação herdada de Adão.
A inclinação dos que creem em Cristo é vida e paz, pois são (existem) segundo o Espírito ( Rm 8:5 -6). Não há mais nada que os cristãos devam descobrir ou metas a alcançar porque a justiça de Deus revela-se no evangelho ( Rm 1:16 -17).
Segundo o idealismo platônico, a ascese (prática de renunciar ao prazer com o fins espirituais) servia para aproximar a pessoa (o asceta) da verdadeira realidade espiritual e ideal, ao desligar-se da imperfeição e materialidade do corpo através de esforço metódico e continuado para favorecer o pleno desenvolvimento da vida espiritual, aplicando meios e superando obstáculos. Utilizam e organizam meios e práticas para vida espiritual: oração, penitência, retiro, exame de consciência, direção espiritual, sacramentos, etc.
Que práticas e atitudes o ‘cristão’ deve acolher para alcançar a meta de ser ‘santo’? Disciplina? Orações? Inclinações? Práticas? Atitudes? Quais são os alvos entorno dos quais se deve resignar-se com disciplina? Seriam os mesmos alvos estipulados pelo idealismo platônico? Esforço continuado e metódico de joelho e com a bíblia aberta?
Russell indica, em seu livro, alguns hábitos para se avançar na santificação, e dentre eles destacamos: “Outro hábito valioso na obtenção de maiores avanços na santidade é o de estabelecer alvos definidos com datas marcadas, indicando quando se espera alcançá-los. Uma vez que se tenha convicção da vontade de Deus quanto a práticas e afazeres, é útil estabelecer alvos para disciplinar as mudanças” Idem, pág 102.
Russell afirma: “A nova vida do ‘novo homem’ substitui a anterior em conseqüência de uma vida disciplinada e comprometida com a instrução das Escrituras (2 Tm 3: 16, 17)” Idem, pág. 101.
A nova vida substitui a anterior em conseqüência de uma vida disciplinada e comprometida?
Não há uma substituição ou afastamento do velho homem. As escrituras revelam que o velho homem deve morrer com Cristo "Porém não matou os filhos deles; mas fez segundo está escrito na lei, no livro de Moisés, como o SENHOR ordenou, dizendo: Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais; mas cada um morrerá pelo seu pecado" ( 2Cr 25:4 ). Ao ‘velho homem’ está reservado a cruz e a sepultura para que Deus crie o novo homem em verdadeira justiça e santidade.
Após ser de novo gerado em verdadeira justiça e santidade, a inclinação dos cristãos é vida e paz ( Rm 6:12 ), porque o Espírito de Deus habita em quem crê. Pelo fato de Deus habitar no crente, isto o torna separado (santificado) do mundo.
Deu é luz, e não há nele trevas alguma. Deus não habita em meio a trevas, e é por isso mesmo que a bíblia diz que os cristãos são luz "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" ( 1Pe 2:9 ).
A meta do cristão é perseverar na doutrina dos apóstolos, olhando para Jesus, o autor e consumador da fé "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus" ( Hb 12:2 ); "Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim" ( Hb 3:14 ).
O comportamento, hábito ou dever dos cristãos é portar-se de modo digno, não dando motivo de escândalo a gregos, judeus e nem a igreja de Deus "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" ( 1Co 10:32 ).
A santificação não é uma meta, pois ao ser de novo gerado, os cristãos passam a estar naquele que é verdadeiro, sendo verdadeiramente justos e santos.
A meta do cristão é não demover-se da doutrina do evangelho, pois ficar firme (perseverança) é a obra completa da fé ( Tg 1:4 ); "Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim" ( Hb 3:14 ); "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes" ( Ef 6:13 ).

Teses sobre a doutrina da santificação

Teses sobre a doutrina da santificação

É possível que a 'santificação' ou 'santidade' decorra de algo que 'merece e exige reverência moral e religiosa'? Muitos ofertam aos seus deuses reverência moral e religiosa, por entenderem que é o que suas divindades exigem e merecem, porém, não é reverencia moral ou religiosa que santifica o homem diante de Deus.

 
"O mesmo Deus de paz vos santifique completamente" ( 1Ts 5:23 )

Teses sobre a Doutrina da Santificação
O que mais se tem apregoado sobre a santificação é que nela se desenvolve a experiência da salvação.
O Dr. Scofield deixou registrado em suas notas de rodapé, da Bíblia Scofield que:
"A justificação é um ato de reconhecimento divino e não significa tornar uma pessoa justa (...) Ele declara justamente e trata como justo aquele que crê em Jesus Cristo" Nota de rodapé Romanos 3: 28. Observe que, para Scofield o crente não é justo, mas somente reconhecido e tratado como sendo justo.
Sobre a Santificação, Scofield apresenta um triplo significado ao tema: posicional, experimental e consumação. Ele considera que posicionalmente o crente é santo, mas que, experimentalmente, está sendo santificado progressivamente.
Neste mesmo sentido, E. H. Bancroft ao falar da santificação, subdivide o tema em três fases: inicial, progressiva e final. Da fase progressiva, ele destacou:
"A justificação difere santificação no seguinte: aquela é uma ato instantâneo e que não comporta progressão; esta, é uma crise que visa a um processo - um ato que é instantâneo, mas que ao mesmo tempo traz em si a ideia de desenvolvimento até a consumação. De acordo com 2 Co 3. 18 estamos sendo transformados de um grau de caráter ou de glória para outro. É porque a santificação é progressiva que somos exortados a continuar progredindo cada vez mais (1 Ts 3.12; 4. 1, 9, 10) nas graças da vida cristã. Existe realmente o 'aperfeiçoamento de santidade'. O dom de Deus à igreja, de pastores e mestres, tem o propósito de aperfeiçoar os santos na semelhança de Cristo até que, finalmente, atinjam o padrão divino (Ef 4. 11- 15; Ef 3. 10 - 15)" BANCROFT, Emery. H., Teologia Elementar - 3º Edição 2001, Ed. EBR, Pg. 262 (grifo nosso).
Como demonstramos anteriormente, o crente efetivamente é santo e justo, porém, como entender esta necessidade de Santificação? A Bíblia realmente apresenta a Santificação em três fases distintas?
É comumente aceito nos meios acadêmicos que a Santificação é obra continua do Espírito Santo. Esta obra 'continua' visa conformar o crente à imagem de Cristo. Tal ideia é proveniente do termo grego traduzido por santificação, que os tradutores deixaram de considerar o seu significado original e adotaram nova concepção ao longo do tempo incluindo quesitos de ordem moral e religioso.
Este novo significado que deram ao termo traduzido por 'santificação' se deve também à ideia do que entendem por purificação, e com base em alguns textos bíblicos tentam demonstrar que na santificação deve ocorrer uma transformação moral no cristão. Através desta concepção, afirma-se que a moral e o caráter são elementos que devem ser transformados através de uma busca pela santificação.
Em resumo, as várias teorias existentes sustentam que a Santificação é posicional (objetiva), progressiva (subjetiva) e efetiva no futuro. Explicam que a santificação objetiva surge na regeneração e que todos os crentes são separados e foram purificados por Deus. Apesar de o crente ter sido Santificado por Deus, alegam que o Espírito Santo, por sua vez, continua trabalhando na vida deste crente regenerado com o fito de desenvolver um novo caráter e uma nova personalidade: é o que denominam de santificação progressiva.
Segundo este pensamento teológico, a Santificação efetiva deve ser aguardada quando da volta de Cristo, quando se dará a plena liberdade do pecado.
Dentre os elementos necessários à Santificação, destacam: o Espírito Santo, a união com Cristo, a palavra de Deus, o esforço do cristão, a oração, a disciplina, a obediência, consagração, etc. Para que a Santificação seja alcançada, alegam que o cristão precisa da ação “abundante” do Espírito, senão o crente fica a mercê das fraquezas “morais” e “espirituais”.
Pensam na mudança do caráter e da moral do cristão como sendo necessária à santificação, para que se torne cada vez mais real a sua união com Cristo. Entendem que há níveis diversos de santidade.
Millard J. Erickson em sua Introdução à Teologia Sistemática define este posicionamento:
“A santificação é a obra continua de Deus na vida do crente, tornando-o realmente santo. Por ‘santo’ entende-se aqui ‘portador de uma verdadeira semelhança com Deus’. A santificação é um processo pelo qual a condição moral da pessoa é moldada de acordo com sua situação legal diante de Deus” Pg 417, 1º § (grifo nosso).
O Dr. Shedd ao falar de aspectos pertinentes a Santificação, apresenta quatro fatores fundamentais:
"Em primeiro lugar, ele depende da união entre o remido e o Redentor (...) Segundo: a santidade deve caracterizar o padrão de vida (...) Produzir um hábito de santidade deve ser desafio prioritário do ministério (...) Terceiro: a santificação, sendo um processo, não deve ser encarada como um alvo que algum dia alcançaremos nesta vida terrestre (...) Em quarto lugar observamos a realidade escatológica. A segunda vinda de nosso Senhor promete completar o que a vinda de Jesus Cristo no primeiro século iniciou" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º edição, Ed. Vida Nova, Pág. 72 ss.

Refutação
Se o interprete das Escrituras levar em conta a ideia de que a palavra traduzida por 'santificação' engloba questões como 'moral' e 'religiosidade', chegará a mesma conclusão dos teóricos citados acima.
Mas, levando-se em conta que a Santificação diz da condição da nova natureza que o crente adquire em Cristo, que pertence a Deus, percebe-se o termo traduzido por santificação não contém agregado a si elementos como moralidade, comportamento e caráter.
Quando da queda do homem em Adão, Deus não levou em conta questões como moral e caráter. Nem mesmo existia a ideia de caráter, moral ou comportamento no Éden quando da desobediência de Adão.
Quando foi criado, o homem era participante da vida que há em Deus, sendo perfeito, santo, irrepreensível e inculpável. Estas características pertinentes ao homem Adão foram conferidas pela natureza concedida por Deus e não por questões morais, comportamentais ou de religiosidade.
Se na queda não estava em voga elementos como moralidade e religiosidade, porque estes elementos são computados quando da reunião dos homens com Deus por meio do evangelho? A Bíblia apresenta a necessidade de crer em Cristo como única exigência para que o homem passe a pertencer a Deus, ou seja, santificado para uso exclusivo d'Ele.
Deste modo conclui-se que a 'santificação' ou 'santidade' não decorre de questões que'merece e exige reverência moral e religiosa' . Não é reverencia moral ou religiosa que santifica o homem diante de Deus, antes o que santifica é obedecer o mandamento que diz: que creiais naquele que Ele enviou.
Os judeus entendiam que Deus exigia e merecia ser reverenciado por meio da religiosidade e moralidade, tanto que criaram segundo seus corações inúmeras regras e mandamento de cunho moral e religioso como forma de se aproximarem de Deus. No entanto, o zelo não mudou a condição deles diante de Deus ( Rm 10:1 -4).
Não adianta um caráter impecável, uma moral intocável, um comportamento exemplar, uma religiosidade rigorosa, etc., nenhum destes elementos faz o homem aceitável diante de Deus. Por quê? Porque a obra de Deus é perfeita. Não há como o homem retocar a obra de Deus.
A obra realizada na Regeneração faz com que os homens passem à condição de santos, irrepreensíveis, inculpáveis e participantes da glória de Deus. Ou seja, a obra realizada por Deus é perfeita. Perfeito em Cristo é a condição de santo, irrepreensível e inculpável ( Cl 1:22 e 28).
Como em Cristo habita corporalmente a plenitude da divindade, aqueles que creem recebem a plenitude de Deus em Cristo. Regeneração plena, Justificação plena e Santificação plena.
O apóstolo João ao falar da plenitude de Deus em seus filhos, assim define: "Todo aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus" ( 1Jo 4:15 ). Caso alguém tenha dúvidas quanto à natureza herdada em Cristo, perceba que, tal qual Cristo é, 'somos nós também neste mundo' ( 1Jo 4:17 ).
Observe que a nova condição em Cristo é efetiva neste mundo, e não no vindouro. A filiação é que confere Justificação e Santificação. Perceba que se adotarmos o posicionamento corrente da teologia da atualidade, deveríamos considerar que Cristo também está se santificando progressivamente, pois tal qual Ele é, somos nos AQUI NESTE MUNDO.
O Dr. Bancroft, ao falar da Santificação progressiva citou II Co 3: 18 para justificar o seu posicionamento. Ao lermos o verso bíblico, percebe-se que ele foi arrancado do contexto e interpretado sem o critério das Escrituras "De acordo com 2 Co 3. 18 estamos sendo transformados de um grau de caráter ou de glória para outro" (idem).
"Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" ( 2Co 3:18 ).
O contexto do verso acima faz referência à lei entregue por Moisés ao povo. Ao fazer referência ao brilho do rosto de Moisés após ter recebido as tábuas da lei, e ao véu que Moisés utilizou, Paulo demonstra que todos os cristãos estão com o rosto descoberto. Que todos refletem a glória de Deus. Que todos foram transformados de glória em glória. Que a transformação operada nos da a imagem de Deus.
Mas, sobre que glória Paulo estava falando? De caráter? Não! Da glória proveniente da lei, que desvanecia, e da glória proveniente do evangelho, que é permanente. Onde Paulo faz referência a caráter? Não vemos no texto, e nem mesmo o contexto fazer qualquer referência a caráter ou moral.
"Pois o que foi glorioso, não o é em comparação com a glória inexequível" 
( 2Co 3:10 )
É sobre estas 'glorias' que Paulo fez referência, e não com relação a caráter.
Porque uma é a glória dos homens, quando criados por Deus, e outra é a glória dos filhos de Deus, gerados da semente incorruptível. A lei tinha a sua glória e valor para o homem gerado da semente corruptível de Adão, agora, em Cristo, o homem é transformado da glória de criatura para a de filhos, ou melhor, em imagem e semelhança de Deus.
É importante perceber que existem muitas distorções quanto ao tema Santificação, principalmente ao utilizarem citações bíblicas. Estas são arrancadas do contexto para dar ênfase às teses que são formuladas.
Antes de prosseguirmos neste estudo, veremos algumas passagens bíblicas que fazem referência à Santificação e o seu contexto, e quando possível, faremos citações a outros escritores, para tornar evidente as diferenças de interpretação e a aplicação de algumas passagens bíblicas.
A doutrina da santificação

A doutrina da santificação

Foi especificamente esta palavra grega, desprovida da ideia de moralidade e caráter, que os escritores do N. T. escolheram para falar da santificação em Cristo, da mesma forma que a palavra hebraica 'qodesh' significa separar no A. T. No entanto, observa-se que, muito tempo depois, a palavra que se traduz para 'santificação' passou a apresenta um novo sentido conforme a concepção dos religiosos. Este novo sentido da palavra passou a predominar gradualmente, passando a estar vinculada à moral e ao que é religioso.

"Que dizem: Fica onde estás, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo o dia" ( Is 65:5 )

Introdução
Por ser um tema controverso, surgem inúmeras questões sobre o lado prático da Santificação, por exemplo: O que promove a santificação? A oração? O jejum? A leitura bíblica? A adoração? A obediência? Manter-se separado de outros pecadores? Depende de tempo?
Os teóricos procuram dar uma estrutura à doutrina da santificação: O que é ser santo? O que a palavra santo designa ou descreve? É por graça somente, sem qualquer vinculo com a lei?
Ciente da problemática em torno do tema Santificação e das dificuldades decorrentes das variadas correntes de interpretação bíblica, resta uma pergunta que motivou este trabalho: é possível ser mais santo do que outro irmão em Cristo?
Há quem diga que o crente precisa 'entrar pra valer na corrida para a santificação'.
Como este tema é de extrema relevância para os cristãos, não poderíamos nos furtar em apresentar um trabalho que abordasse este tema, do qual, as várias correntes de interpretação acabaram por tornar controverso.
Nós cristãos precisamos compreender como ocorre a santificação, e por que somos designados santos, para que não incorramos nos mesmos erros do povo de Israel, e de muitos seguimentos religiosos da atualidade: legalismo, formalismo e tradicionalismo.

A Palavra 'santo' e 'santificação'
Para o nosso estudo faz-se necessário que o leitor considere as palavras do Dr. Bancroft, extraída do seu livro Teologia Elementar:
"A raiz da qual se originam esta e outras palavras correlatas, é o vocábulo grego 'hagios'. O pensamento mais próximo da santidade de que era capaz o grego secular era "o sublime, o consagrado, o venerável". O elemento moral está totalmente ausente. Ao ser adotada esta palavra nas Escrituras, entretanto, foi necessário proporcionar-lhe novosentido. Empregando a palavra 'santo' em seu sentido mais elevado, quando aplicada a Deus, os melhores lexicógrafos definem-na como 'aquilo que merece e exige reverência moral e religiosa'"BANCROFT, Emery. H., Teologia Elementar - 3º Edição 2001, Ed. EBR, Pg. 261. (grifo nosso).
A palavra grega 'hagios' possui variadas formas, porém, é traduzida para 'santo', 'santificação', 'santificar', 'santidade' e 'santificado'. Esta palavra grega trazia a idéia do sublime, do consagrado e do venerável sem qualquer referência à moral ou ao caráter.
Foi especificamente esta palavra grega, desprovida da idéia de moralidade e caráter, que os escritores do N. T. escolheram para falar da santificação, da mesma forma que a palavra hebraica 'qodesh' significa separar no A. T.
No entanto, observa-se que, muito tempo depois, a palavra que se traduz para santificação passou a apresenta um novo sentido. Este novo sentido da palavra passou a predominar gradualmente, passando a estar vinculada à moral e ao que é religioso.
Observe o que Bancroft disse:
"Os melhores lexicógrafos definem-na como 'aquilo que merece e exige reverência moral e religiosa". Neste sentido, Erickson também diz: "Esse sentido passou gradualmente a predominar. Ele designa não apenas o fato de os crentes serem formalmente separados, ou pertencerem a Cristo, mas que devem, portanto agir de acordo com isso. Eles devem viver em pureza e bondade" Introdução à Teologia Sistemática, por Millard J. Erickson, 1 ª ed. Vida Nova, Pg 418.
Era mesmo necessário proporcionar um novo sentido às palavras gregas e hebraicas que foram traduzidas pelas palavras 'santidade' e 'santo'? Os apóstolos não tinham bem definido em suas mentes qual o sentido exato da palavra que utilizaram para escrever sobre a santificação?
O significado das palavras 'hagios' e 'qodesh' é separado para Deus, e em ambos os testamentos foram utilizada para designar pessoas e coisas. Quando tais palavras são utilizadas para coisas, não há qualquer referência à qualidade moral. Porém, quando se refere à pessoas, este deveria ser o mesmo tratamento, visto que, por mais que uma pessoa procure separa-se para ser santa, jamais alcançará tal intento, se Deus não o fizer.
Por que a palavra traduzida por santificação deixou de designar o fato dos crentes serem separados, ou pertencentes a Deus, para apontar um dever de se agir conforme um padrão de moral rotulado 'santo', ou que se deva agir de acordo com o certo e errado?
O trabalho de um lexicógrafo se resume em estudar as origens e evolução das palavras. O sentido que os dicionários empregam para cada palavra decorrem da sua origem, e conclui-se com a sua evolução ao longo do tempo, o que deve ser feito sem qualquer influência do estudioso em questão.
Resta nos a pergunta: quem foram os responsáveis por influenciar e fazer evoluir o sentido da palavra traduzida por santificação? Os religiosos ao longo dos anos. Sobre quais princípios as religiões se fundamentam? Não é sobre comportamento, moral, ética, caráter, e outros elementos humanos?
Quando os escritores bíblicos empregaram as palavras 'hagios' e 'qodesh' para falar sobre a santificação em Cristo, nem de longe fizeram qualquer referência a merecimento, exigência, moral e religiosidade, como hoje os lexicógrafos definem.

Como definir o significado de uma Palavra?
Se quisermos saber o significado de uma palavra, a melhor maneira de saber o seu significado é através de um bom dicionário. Neste aspecto, é de suma importância o trabalho de um lexicógrafo. Você terá em mãos o significado atual da palavra, e a sua evolução ao longo dos anos.
Mas, se você extraiu a palavra de um texto, a melhor maneira de se entender aquela palavra em específico, é estudando o contexto no qual ela esta inserida.
Um dicionário poderá auxiliar, mas o sentido exato da palavra é determinado pelo contexto geral do texto.
Esta regra de interpretação de uma palavra não é diferente quando se trata de textos bíblicos.
Em se tratando de uma palavra bíblica, o que é mais apropriado para a interpretação do texto: o sentido atual da palavra, ou o sentido original?
Claro está que o mais importante para a leitura de um texto bíblico é o sentido original da palavra, e não o seu sentido atual. Se queremos abstrair um entendimento acerca de uma única palavra de um texto, o melhor a se fazer é estudar o contexto, fixando a análise no sentido original da palavra.
Para o nosso estudo, estaremos utilizando o sentido secular das palavras gregas e hebraicas 'hagios' e 'qodesh', que significam respectivamente 'o sublime, o venerável, o consagrado' e 'separar'.
Sem antes analisar os textos em que as palavras são empregadas, não as empregaremos no sentido que gradualmente passou a predominar.

Como obter a Santificação?
O Dr. Russell Shedd, em seu livro Lei, Graça e Santificação deixou a seguinte nota:
"Deus quer filhos à Sua imagem, que imitem a Sua santidade" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 55.
Daí surge a seguinte pergunta: a santidade dos filhos de Deus provem da capacidade deles em 'imitar' a santidade do Pai, ou por serem gerados d'Ele?
A Bíblia é muito clara ao demonstrar que a regeneração, a justificação e a santificação são provenientes de Deus por meio da fé em Cristo. É condição adquirida por terem sido gerados de novo segundo Deus, e não segundo a semente corruptível de Adão.
Através da fé em Cristo o homem é Santificado: "Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim" ( At 26:18 ).
De igual forma, o homem é Justificado pela fé em Cristo: "Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" ( Gl 2:16 ).
A Regeneração é por meio da fé: "Necessário vos e nascer de novo (...) para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna" ( Jo 3:7 e 15).
Através dos versículos acima, verifica-se que a fé é o elemento comum e essencial à regeneração, à santificação e à justificação.
Por meio do evangelho, Deus oferece Salvação graciosa a todos os homens que encontram-se perdidos, sendo que a Salvação é adquirida pela fé em Cristo: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" ( Ef 2:8 ).
O chamado de Salvação é para todos os homens, sem distinção alguma. Porém, somente quando o homem crê em Cristo, ou seja, descansa na promessa proposta, entra em ação o poder de Deus, que é concedido àqueles que creem para Salvação ( Jo 1:12 ).
A oferta de salvação é proposta ao homem na condição de pecador, porém, o homem não pode ser salvo enquanto pecador. É neste ponto que Deus realiza uma obra maravilhosa, segundo a sua vontade e poder: a Regeneração. O homem que recebe a proposta de salvação e crê, tem que morrer, e verdadeiramente morre com Cristo, sendo sepultado com Ele. Isto porque Deus não salva a planta que não foi plantada por Ele, antes ela é arrancada ( Mt 15:13 ).
A semente incorruptível que foi plantada no coração do homem, somente germina quando este morre e é sepultado com Cristo "Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto" (João 12: 24). Neste sentido, Cristo não veio trazer conciliação com a velha natureza presente no homem, mas sim, trazer espada Mt 10: 34.
Na Regeneração Deus cria um novo homem. Este é gerado de Deus "Segundo a sua vontade, Ele nos gerou de novo..." ( Tg 1:18 ; Ef 2:10 ). O homem passa a ser a planta plantada pelo Pai. Esta nova criatura, e somente esta, recebe a Salvação de Deus. A oferta de Salvação foi feita ao homem na condição de pecador, mas a Salvação se efetiva naqueles que são de novo criados, segundo Deus ( Jo 1:12 -13).
Na Regeneração o homem ressurge com Cristo uma nova criatura, e somente este homem pode receber o prêmio da salvação, por não permanecer no pecado. Pois para isso Cristo ressurgiu "E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" ( 1Co 15:17 ).
Da Regeneração decorre a Justificação e a Santificação. A Justificação refere-se a declaração de Deus à nova criatura, visto que ela foi criada segundo a natureza divina: justa. Deus declara justo o justo que ressurgiu com Cristo dentre os mortos. Isto, porque não haveria como o velho homem que recebeu a proposta de salvação ser declarado justo. Na justificação entende-se também que o homem está livre da condição anterior, quando vivia no pecado.
Já, a Santificação refere-se à nova natureza recebida na Regeneração. Quando o homem é sepultado com Cristo, ele se reveste das condições pertinentes a Cristo ( Gl 3:27 ). Deus não tem o culpado por inocente, mas por sermos vivificados com Cristo, alcançamos o perdão de todos os delitos ( Cl 2:13 ).
O cristão não vive mais à 'sombra das coisas futuras', a Santificação é uma realidade na sua vida, pois a realidade é Cristo ( Cl 2:17 ). Não depende de esforço da parte do homem, visto que, ao ser de novo gerado, temos nos tornados participantes de Cristo ( Hb 3:14 ).
A Salvação em Cristo é adquirida por meio da fé, sendo que, aqueles que creem recebem poder para serem feitos (criados) filhos de Deus ( Jo 1:12 ). A filiação divina é adquirida por meio da fé na mensagem do evangelho (a semente incorruptível). Por meio da semente incorruptível o homem recebe poder para ser feito, criado, ou gerado de novo"Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade..." ( Tg 1:18 ).
O Novo Nascimento é condição indispensável à salvação, conforme Jesus disse a Nicodemos: "Necessário vos é nascer de novo" ( Jo 3:7 ). Somente pela fé é possível alcançar a Regeneração, pois apenas os gerados de novo podem herdar a salvação ( Jo 3:16 ). O pecador não poder ser salvo, somente o homem redimido e remido é salvo.
Não podemos esquecer que o velho homem originou-se da queda de Adão, e que a condição de culpável, condenável, inimigo de Deus e destituído da glória de Deus passou a todos os homens. Por natureza o homem nascido segundo a semente corruptível de Adão é filho da desobediência e da ira. Todos os homens que vêem ao mundo estão em igual condição diante de Deus Rm 5: 18. A argumentação de Paulo de que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus se fundamenta na natureza decaída que a semente de Adão produz ( Rm 3:23 ).
Após crer em Cristo, o homem recebe de Deus poder para ser feito (criado), filho de Deus. Este homem criado ou gerado segundo a vontade e poder de Deus é declarado justo. É o que denominamos justificação. A justificação divina não guarda semelhança com a justiça emanada dos tribunais humanos. Somente o novo homem gerado segundo a palavra da verdade pode ser declarado justo por Deus, visto que este novo homem é participante da natureza divina, por ter sido de novo criada em verdadeira justiça.
O homem que estava morto em delitos e pecados, após ouvir o convite e crer no evangelho (que é poder de Deus para que o homem seja criado segundo Deus), ressurge com Cristo dentre os mortos, nova criatura. Esta nova criatura é declarada justa por Deus. Para que fossemos declarados justos, Jesus ressuscitou, e, ao ressurgimos juntamente com Ele, somos declarados justo em decorrência da nova vida ( Rm 4:25 ). 
Da mesma maneira que a Justificação, a Santificação vem por meio da filiação divina. O homem nascido segundo a vontade de Deus é participante da natureza divina ( 2Pe 1:4 ). Segundo o poder de Deus, o homem que crê, é criado novamente em verdadeira justiça e santidade.
Observe que a vontade eterna de Deus é que Cristo seja primogênito dentre os mortos e primogênito de toda a criação, para que em tudo tenha a preeminência ( Cl 1:15 e 18). Em Cristo, o homem é uma nova criatura ( 2Co 5:17 ), sendo gerado de novo e tido por Deus como filhos por adoção ( Rm 8:15 ). Por meio de Cristo é conduzido à glória de Deus muitos filhos ( Hb 2:10 ), onde a condição de preeminência de Cristo diante de toda criação se torna efetiva.
Quando os homens que creem são recebidos por filhos de Deus, irmãos de Cristo e herdeiros com Ele de todas as coisas, é conferido a Jesus a condição de primogênito de toda criação e dos mortos. Pois só é possível alguém reclamar o direito de primogenitura quando se tem irmãos. O unigênito que nos fez conhecer o Pai, agora, após conduzir muitos filhos a Deus, torna-se o primogênito de toda criação.
Desta forma, Deus quis e gerou pelo Espírito Eterno filhos para si. Filhos à sua imagem e semelhança, que receberam d'Ele a plenitude ( Cl 2:10 ). Estes não precisam imitar o Pai em sua santidade, antes são gerados de novo e detém a natureza do Pai: santos. Não há como imitar a santidade de Deus, visto que ela decorre da própria natureza divina.
Sobre este aspecto Jesus alertou: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada" ( Mt 15:13 ). Quais são as plantas que o Pai não Plantou? Aqueles nascidos da semente corruptível de Adão! Já os nascidos de semente incorruptível, que é a Palavra de Deus, este são 'plantas' plantadas pelo Pai ( Jo 3:9 ; 1Pe 1:23 ).
A santidade daqueles que creem não pode ser uma mera imitação. Ela deve ser autentica, ou seja, em verdade. A santificação não fica a cargo do homem, e sim, de Deus.
É Deus que tem o poder de dar nova vida ao homem. Vida que procede d'Ele e que faz o homem ser participantes da sua natureza. Deus é luz, e aqueles que creem em seu Filho tornam-se filhos da luz "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles" ( Jo 12:36 ; 1Ts 5:5 ).
Da mesma forma que a justificação é de vida, a santificação também o é ( Rm 5:18 ).
O Dr. Shedd ao falar da santificação e justificação, argumentou que:
"Enquanto a justificação (grego dikaiosune) foi uma declaração de absolvição, da parte de Deus, que nos deu o status de santos, sem nenhuma condenação (Rm 8. 1) não entendemos a santificação da mesma maneira. Paulo chama a igreja de Corinto, aquela singularmente mundana e carnal, como composta dos que são 'santificados em Cristo Jesus' (I Co 1. 2). Obviamente os que recebem o Espírito de Deus, incorporados em Cristo, são posicionalmente santos. Por isso um dos títulos mais comuns atribuídos à Igreja no Novo Testamento é 'santos'. Neste sentido os dois vocábulos, 'justo' e 'santos', são sinônimos" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 56.
A Justificação não é uma declaração de absolvição. O termo justificação significa declarar justo, ou seja, justificação é uma declaração de justo a quem verdadeiramente é justo. Deus não absolve o culpado, pois o culpado não pode ser tido por inocente ( Na 1:3 ).
Na justificação o homem não adquire 'status' de justo, antes adquire a justiça que é proveniente de Deus. Qual é a justiça proveniente de Deus? Uma nova vida "...justificação de vida" ( Rm 5:18 ), onde tudo se fez novo. Até o tempo é novo: tempo de paz, gozo e alegria no Espírito Santo de Deus. Deus declara justo a nova criatura que é criada através do seu poder regenerador. A velha criatura recebe o que preconiza a lei quando o homem é crucificado com Cristo: a alma que pecar, essa morrerá!
A Santificação e a Justificação não é posicional e por isso, não são sinônimas. A Justificação refere-se à declaração que o Cristão recebe de Deus, e a Santificação à nova natureza do Cristão.
Estes equívocos na abordagem do Dr. Shedd ocorrem por ele entender que a pecaminosidade da humanidade reside na vontade própria, sendo que a bíblia demonstra que a pecaminosidade decorre da natureza herdada em Adão.
Ser santo não implica em ser distinto. A santidade de Deus não é pertinente àquilo que é difere, e sim, à Sua natureza. Como a santidade procede da natureza de Deus, jamais ela pode ser atribuída ou imputada, antes decorre da Regeneração (gerar de novo), onde o homem passa a ser participante da natureza divina ( 1Pe 1:3 ).
Sobre este aspecto o apóstolo Pedro escreveu: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo" ( 1Pe 1:3 -4).
Deus chamou os que crêem pela sua glória e virtude, ou seja, os cristãos foram chamados para louvor de sua glória e em amor, a virtude de Deus ( Ef 1:4 -6). Para ser participante da natureza divina, os cristãos foram abençoados com a predestinação, ou seja, aqueles que crêem em Cristo não possuem outro destino, se não, serem filhos de Deus.
Só é possível escapar da corrupção que há no mundo (natureza pecaminosa herdada em Adão), quando se torna participante da natureza divina (filiação). Tudo isto é dado aos cristãos através do poder de Deus, que concede vida, o que contrasta com a condição antes de se ter a Cristo: morte. Esta nova vida deve ser desfrutada em piedade, ou seja, o cristão deve andar segundo as boas obras que Deus preparou ( Ef 2:10 ).
Como Deus desejou ter filhos para que o seu Filho obtivesse a preeminência em tudo, os cristãos são feitura Sua, criados em Cristo e à Sua imagem, em verdadeira Justiça e Santidade ( Ef 2:10 e Ef 4:24 ).
Como obter a Santificação?

Como obter a Santificação?

Ser santo não implica em ser distinto. A santidade de Deus não é pertinente àquilo que difere, e sim, à Sua natureza. Como a santidade procede da natureza de Deus, jamais ela pode ser atribuída ou imputada, antes decorre da Regeneração (gerar de novo), onde o homem passa a ser participante da natureza divina ( 1Pe 1:3 ).


"E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade" ( Ef 4:24 )
Como obter a Santificação?
O Dr. Russell Shedd, em seu livro Lei, Graça e Santificação deixou a seguinte nota:
"Deus quer filhos à Sua imagem, que imitem a Sua santidade" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 55, o que nos leva à pergunta: a santidade dos filhos de Deus provem da capacidade deles em 'imitar' a santidade do Pai, ou por terem sido gerado d'Ele?
A Bíblia é muito clara ao demonstrar que a regeneração, a justificação e a santificação são provenientes de Deus por meio da fé em Cristo quando o homem recebe poder de ser feito filho de Deus ( Jo 1:12 -13).
  • Através da fé em Cristo o homem é Santificado: "Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim( At 26:18 );
  • De igual forma, o homem é Justificado pela fé em Cristo: "Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" ( Gl 2:16 );
  • A Regeneração é por meio da fé: "Necessário vos é nascer de novo (...) para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna" ( Jo 3:7 e 15).
Através dos versículos acima, verifica-se que a fé é o elemento comum e essencial à regeneração, à santificação e à justificação.
Por meio do evangelho, Deus oferece Salvação graciosa a todos os homens que estão perdidos, sendo que a Salvação é adquirida pela fé em Cristo: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" ( Ef 2:8 ).
O chamado de Salvação é para todos os homens, sem distinção alguma. Porém, somente quando o homem crê em Cristo, ou seja, descansa na promessa proposta, entra em ação o poder de Deus, que é concedido àqueles que creem para Salvação ( Jo 1:12 ).
A oferta de salvação é proposta ao homem na condição de pecador, porém, o homem não pode ser salvo enquanto pecador. É neste ponto que Deus realiza uma obra maravilhosa, segundo a sua vontade e poder: a Regeneração.
O homem que recebe a proposta de salvação e crê, tem que morrer, e verdadeiramente morre com Cristo, sendo sepultado com Ele. Isto porque Deus não salva a planta que não foi plantada por Ele, antes ela é arrancada ( Mt 15:13 ).
A semente incorruptível que foi plantada no coração do homem, somente germina quando este morre e é sepultado com Cristo "Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto" ( Jo 12:24 ). Neste sentido, Cristo não veio trazer conciliação com a velha natureza presente no homem, mas sim, trazer espada ( Mt 10:34 ).
Na Regeneração Deus cria um novo homem. Este é gerado de Deus "Segundo a sua vontade, Ele nos gerou de novo..." ( Tg 1:18 ; Ef 2:10 ). O homem passa a ser a planta plantada pelo Pai. Esta nova criatura, e somente esta, recebe a Salvação de Deus. A oferta de Salvação foi feita ao homem na condição de pecador, mas a Salvação se efetiva naqueles que são de novo criados, segundo Deus ( Jo 1:12 -13).
Na Regeneração o homem ressurge com Cristo uma nova criatura, e somente este homem pode receber o prêmio da salvação, por não permanecer no pecado. Pois para isso Cristo ressurgiu "E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" ( 1Co 15:17 ).
Da Regeneração decorre a Justificação e a Santificação. A Justificação refere-se à declaração de Deus à nova criatura, visto que ela foi criada segundo a natureza divina: justa. Deus declara justo o justo que ressurgiu com Cristo dentre os mortos. Isto, porque não haveria como o velho homem que recebeu a proposta de salvação ser declarado justo. Na justificação entende-se também que o homem está livre da condição anterior, quando vivia no pecado.
Já, a Santificação refere-se à nova natureza recebida na Regeneração. Quando o homem é sepultado com Cristo, ele se reveste das condições pertinentes a Cristo ( Gl 3:27 ). Deus não tem o culpado por inocente, mas por sermos vivificados com Cristo, alcançamos o perdão de todos os delitos ( Cl 2:13 ).
O cristão não vive mais à 'sombra das coisas futuras', a Santificação é uma realidade na sua vida, pois a realidade é Cristo ( Cl 2:17 ). Não depende de esforço da parte do homem, visto que, ao ser de novo gerado, temos nos tornados participante de Cristo ( Hb 3:14 ; 1Jo 4:17 ).
A Salvação em Cristo é adquirida por meio da fé, sendo que, aqueles que creem recebem poder para serem feitos (criados) filhos de Deus ( Jo 1:12 ). A filiação divina é adquirida por meio da fé na mensagem do evangelho (a semente incorruptível). Por meio da semente incorruptível o homem recebe poder para ser feito, criado, ou gerado de novo"Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade..." ( Tg 1:18 ).
O Novo Nascimento é condição indispensável à salvação, conforme Jesus disse a Nicodemos: "Necessário vos é nascer de novo" ( Jo 3:7 ). Somente pela fé é possível alcançar a Regeneração, pois apenas os gerados de novo podem herdar a salvação ( Jo 3:16 ). O pecador não poder ser salvo, somente o novo homem é salvo.
Não podemos esquecer que o velho homem originou-se da queda de Adão, e que a condição de culpável, condenável, inimigo de Deus e destituído da glória de Deus passou a todos os homens. Por natureza o homem nascido segundo a semente corruptível de Adão é filho da desobediência e da ira. Todos os homens que vêem ao mundo estão em igual condição diante de Deus ( Rm 5:18 ). A argumentação de Paulo de que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus se fundamenta na natureza decaída que a semente de Adão produz ( Rm 3:23 ).
Após crer em Cristo, o homem recebe de Deus poder para ser feito (criado), filho de Deus. Este homem criado ou gerado segundo a vontade e poder de Deus é declarado justo. É o que denominamos justificação. A justificação divina não guarda semelhança com a justiça emanada dos tribunais humanos. Somente o novo homem gerado segundo a palavra da verdade pode ser declarado justo por Deus, visto que este novo homem é participante da natureza divina, por ter sido de novo criada em verdadeira justiça.
O homem que estava morto em delitos e pecados, após ouvir o convite e crer no evangelho (que é poder de Deus para que o homem seja criado segundo Deus), ressurge com Cristo dentre os mortos, nova criatura. Esta nova criatura é declarada justa por Deus. Para que fossemos declarados justos, Jesus ressuscitou, e, ao ressurgimos juntamente com Ele, somos declarados justo em decorrência da nova vida ( Rm 4:25 ).
Da mesma maneira que a Justificação, a Santificação vem por meio da filiação divina. O homem nascido segundo a vontade de Deus é participante da natureza divina ( 2Pe 1:4 ). Segundo o poder de Deus, o homem que crê, é criado novamente em verdadeira justiça e santidade. 
Observe que a vontade eterna de Deus é que Cristo seja primogênito dentre os mortos e de toda a criação, para que em tudo tenha a preeminência ( Cl 1:15 e 18). Em Cristo, o homem é uma nova criatura ( 2Co 5:17 ), sendo gerado de novo e tido por Deus como filhos por adoção ( Rm 8:15 ). Por meio de Cristo é conduzido à glória de Deus muitos filhos ( Hb 2:10 ), onde a condição de preeminência de Cristo diante de toda criação se torna efetiva.
Quando os homens que creem são recebidos por filhos de Deus, irmãos de Cristo e herdeiros com Ele de todas as coisas, é conferido a Jesus a condição de primogênito de toda criação e dos mortos. Pois só é possível alguém reclamar o direito de primogenitura quando se tem irmãos. O unigênito que nos fez conhecer o Pai, agora, após conduzir muitos filhos a Deus, torna-se o primogênito de toda criação.
Desta forma, Deus quis e gerou pelo Espírito Eterno filhos para si. Filhos à sua imagem e semelhança, que receberam d'Ele a plenitude ( Cl 2:10 ). Estes não precisam imitar o Pai em sua santidade, antes são gerados de novo e detém a natureza do Pai: santos. Não há como imitar a santidade de Deus, visto que ela decorre da própria natureza divina. Deus é santo do mesmo modo que é justo, onipresente, reto, verdadeiro, etc.
Sobre este aspecto Jesus alertou: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada" ( Mt 15:13 ). Quais são as plantas que o Pai não Plantou? Aqueles nascidos da semente corruptível de Adão! Já os nascidos de semente incorruptível, que é a Palavra de Deus, são 'plantas' plantadas pelo Pai ( Jo 3:9 ; 1Pe 1:23 ).
A santidade daqueles que creem não pode ser uma mera imitação. Ela deve ser autentica, ou seja, em verdade. A santificação não fica a cargo do homem, e sim, de Deus.
É Deus que tem o poder de dar nova vida ao homem. Vida que procede d'Ele e que faz o homem ser participantes da sua natureza. Deus é luz, e aqueles que creem em seu Filho tornam-se filhos da luz "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles" ( Jo 12:36 ; 1Ts 5:5 ).
Da mesma forma que a justificação é de vida, a santificação também o é ( Rm 5:18 ).
O Dr. Shedd ao falar da santificação e justificação, argumentou que:
"Enquanto a justificação (grego dikaiosune) foi uma declaração de absolvição, da parte de Deus, que nos deu o status de santos, sem nenhuma condenação (Rm 8. 1) não entendemos a santificação da mesma maneira. Paulo chama a igreja de Corinto, aquela singularmente mundana e carnal, como composta dos que são 'santificados em Cristo Jesus' (I Co 1. 2). Obviamente os que recebem o Espírito de Deus, incorporados em Cristo, são posicionalmente santos. Por isso um dos títulos mais comuns atribuídos à Igreja no Novo Testamento é 'santos'. Neste sentido os dois vocábulos, 'justo' e 'santos', são sinônimos" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 56.
A Justificação não é uma declaração de absolvição. O termo justificação significa declarar justo. Justificação é uma declaração de que é justo aquele que verdadeiramente é justo. Deus não absolve o culpado, pois o culpado não pode ser tido por inocente ( Na 1:3 ).
Na justificação o homem não adquire 'status' de justo, antes adquire a justiça que é proveniente de Deus. Qual é a justiça proveniente de Deus? Uma nova vida “... justificação de vida" ( Rm 5:18 ), onde tudo se fez novo. Até o tempo é novo: tempo de paz, gozo e alegria no Espírito Santo de Deus. Deus declara justa a nova criatura que é criada através do seu poder regenerador. A velha criatura recebe o que preconiza a lei quando o homem é crucificado com Cristo: a alma que pecar, essa morrerá!
A Santificação e a Justificação não são posicionais e por isso, não são sinônimas. A Justificação refere-se à declaração que o Cristão recebe de Deus, e a Santificação à nova natureza do Cristão.
Estes equívocos na abordagem do Dr. Shedd ocorrem por ele entender que a pecaminosidade da humanidade reside na vontade própria, sendo que a bíblia demonstra que a pecaminosidade decorre da natureza herdada em Adão.
Ser santo não implica em ser distinto. A santidade de Deus não é pertinente àquilo que difere, e sim, à Sua natureza. Como a santidade procede da natureza de Deus, jamais ela pode ser atribuída ou imputada, antes decorre da Regeneração (gerar de novo), onde o homem passa a ser participante da natureza divina ( 1Pe 1:3 ).
Sobre este aspecto o apóstolo Pedro escreveu: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo" ( 1Pe 1:3 -4).
Deus chamou os que creem pela sua glória e virtude, ou seja, os cristãos foram chamados para louvor de sua glória e em amor, que é virtude de Deus ( Ef 1:4 -6). Para participar da natureza divina, os cristãos foram abençoados com a predestinação, ou seja, aqueles que creem em Cristo não possuem outro destino, se não, serem filhos de Deus.
Só é possível escapar da corrupção que há no mundo (natureza pecaminosa herdada em Adão), quando se torna participante da natureza divina (filiação). Tudo isto é dado aos cristãos através do poder de Deus, que concede vida, contrastando com a condição antes de se ter a Cristo: morte.
Esta nova vida deve ser desfrutada em piedade, ou seja, o cristão deve andar segundo as boas obras que Deus preparou ( Ef 2:10 ).
Como Deus desejou ter filhos para que o seu Filho obtivesse a preeminência em tudo, os cristãos são feitura Sua, criados em Cristo e à Sua imagem, em verdadeira Justiça e Santidade ( Ef 2:10 e Ef 4:24 ).
A vontade que santifica

A vontade que santifica

A vontade do homem nada pode contra a sua própria natureza. A vontade do homem não afeta a sua própria natureza em nada, por isso, quando pecador, por mais que tenha vontade de deixar de ser pecador, permanece escravo do pecado. Por mais que queira livrar-se do seu senhor, jamais conseguirá, se não se socorrer de Deus. Por isso a Bíblia diz: "Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal" ( Jr 13:23 ). A vontade do etíope pode mudar ou influenciar a sua própria cor? Se depender da vontade própria, tanto o etíope quanto o leopardo continuarão na mesma condição que vieram ao mundo.

“Nesta vontade é que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez por todas”( Hb 10:10 )
A Vontade que Santifica
A Santificação do homem não ficou a cargo de sua própria vontade e ações. O escritor aos Hebreus enfatiza que a Santificação decorre da vontade de Deus.
É 'nesta vontade', ou seja, na vontade de Deus, através da oferta do corpo de Cristo, que os cristãos são santificados. O escritor aos Hebreus ao enfatizar a eficácia do sacrifício de Cristo estabelece um contraste com a lei de Moisés, demonstrando que é por meio da vontade de Deus que o homem é santificado.
O Dr. Shedd em seu livro, Lei, Graça e Santificação disse que: "O cerne da pecaminosidade humana reside na vontade própria" Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, ed. 1998, Editora Edições Vida Nova, Pág. 57.
A bíblia demonstra que, bem antes do homem pecar, Deus concedeu a ele vontade. Ela também demonstra que os seres angelicais possuem vontade própria. Seria a vontade a essência do pecado? Não! O pecado decorre da natureza decaída, que é contrária a natureza de Deus e é inimiga de Deus.
A vontade do homem nada pode contra a sua própria natureza. A vontade não afeta a natureza do homem, por isso, quando pecador, o homem é escravo do pecado. Por mais que queira livrar-se do seu senhor, jamais conseguirá, se Deus não intervir.
Por isso a bíblia diz: "Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal" ( Jr 13:23 ). A vontade do etíope pode influenciar a sua cor? Se depender da vontade própria, tanto o etíope quanto o leopardo continuarão na mesma condição que vieram ao mundo.
De igual forma, qualquer um dos homens sem estar em Cristo, mesmo que deseje fazer o bem, jamais poderá fazê-lo, porque a sua natureza pecaminosa não permite. Não é questão de vontade, e sim de natureza ( Mq 7:2 ; Sl 14:3 ).
Por isso Jesus disse: "Não pode a árvore boa produzir maus frutos, nem a árvore má produzir frutos bons" ( Mt 6:18 ). Não é questão de vontade, visto que muitos neste mundo desejam fazer boas ações, porém, por não estarem em Deus, as suas ações, por mais nobres que sejam, são fruto de uma árvore que o Pai não plantou.
Nenhum homem que não tenha nascido de novo pode produzir o bem, mesmo que a sua vontade seja sempre fazer o bem aos seus semelhantes "Toda planta que meu Pai celeste não plantou, será arrancada" ( Mt 15:13 ).
Como ser uma planta plantada pelo Pai? Fazendo conforme a vontade d'Ele que é: "Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou" ( 1Jo 3:23 ). Observe que só a vontade de amar o semelhante não salva, antes é preciso amar conforme o mandamento que Deus ordenou: que creiamos no nome do seu Filho. Melhor dizendo, é impossível amar sem crer em Jesus Cristo. O amor como sentimento não torna o homem uma árvore plantada pelo Pai.
O escritor aos Hebreus, após demonstrar que a lei nunca pode aperfeiçoar os que a cultuavam, apresenta o sacrifício de Cristo ofertado por Deus.
A lei não podia aperfeiçoar, ou seja, tornar justos e santos aqueles que a cultuava por alguns fatores:
  1. A lei não trazia em si a imagem exata das coisas, mas tinha em si a ‘sombra’ dos bens futuros; os 'bens futuros' refere-se à graça do evangelho;
  2. continuamente os sacrifícios eram oferecidos, mas ineficazes quanto ao aperfeiçoamento do homem; se os sacrifícios da lei fossem eficazes, no primeiro sacrifício oferecido, já não haveria mais a necessidade de oferecer outros sacrifícios ( Hb 10:1 -2).
A triste realidade quanto aos sacrifícios da lei resume-se na frase: “Mas esses sacrifícios cada ano se faz recordação de pecados, pois é impossível que sangue de touros e de bodes tire os pecados ( Hb 10:3 -4). O escritor aponta a realidade da impossibilidade da lei para introduzir o poder de Deus através da oferta do corpo de Cristo, pois n'Ele torna-se possível a extinção dos pecados.
Diante da impossibilidade do homem tornar-se perfeito diante de Deus (‘Pelo que, ao...’ refere-se à impossibilidade humana de livrar-se do pecado por meio do sangue de touros e bodes) descrito anteriormente pelo escritor ( Hb 10:4 ), é introduzida uma nova ideia que leva o leitor da carta a lembrar-se do que o salmista havia predito sobre a vinda de Cristo ao mundo: “Pelo que, ao entrar no mundo, diz: sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado. Então eu disse: aqui estou (no rolo do livro está escrito de mim) para fazer, ó Deus, A TUA VONTADE ( Sl 40:6 -7).
Os sacrifícios segundo a lei nunca pode tirar os pecados dos homens, mas Deus sim. Não era a oferta e os sacrifícios que podiam livrar os ofertantes da condição de pecado, antes, o ofertante precisava crer em Deus que purifica o homem do pecado ( Sl 51:7 ).
Somente Deus pode criar um coração puro e um espírito novo ( Sl 51:10 ). Após a ação divina é que Deus aceitaria do homem, no A. T., as suas ofertas e sacrifícios ( Sl 51:19 ). A esperança do homem não devia estar nos holocausto, e sim em Deus, que tem poder de circuncidar aos homens nos corações.
A lei era somente sombra dos bens futuros, e nunca pode livrar o homem do pecado por intermédio dos seus sacrifícios. A necessidade do contínuo sacrifício devia-se a impossibilidade dos sacrifícios tirar pecados ( Hb 10:11 ), e constitui-se de per si uma recordação da condição do homem em pecado.
Deus não se deleita em ‘holocaustos e oblações pelo pecado’, pois eles são mera recordação da condição do homem ( Sl 51:16 ). Mas, quando se crê em Deus que tem poder para purificar o homem do pecado ( Sl 51:7 ), então, Deus aceitaria o sacrifício segundo a 'sombra' ( Sl 51:19 ; Is 66:3 ). Caso o homem queira se aproximar de Deus por intermédio das obras da lei, sem confiar, permanecerá na mesma condição que veio ao mundo: condenável, culpável e destituído da glória de Deus.
  • “Não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado” ( Sl 40:6 );
  • “... nesses sacrifícios cada ano se faz recordação pelos pecados” ( Hb 10:3 )
Diante da impossibilidade do homem, Deus preparou um corpo a Cristo. Como? Cristo nasceu segundo a vontade de Deus, ou seja, à parte da vontade do homem! Se dependesse só da carne, Cristo não viria ao mundo, pois Maria não havia coabitado com José. Se dependesse da vontade de José e Maria, Cristo não viria ao mundo, pois para ser o Santo de Deus era necessário ser gerado pelo Espírito Eterno ( Jo 1:13 ).
Cristo veio ao mundo dos homens segundo a vontade de Deus, e para isto, foi-lhe preparado um corpo ( Hb 10:5 ). Ao ser introduzido no mundo, Cristo tornou-se “participante da carne e do sangue”, conforme a bíblia diz: “Portanto, visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas (...) pelo que convinha que em tudo fosse semelhante a seus irmãos...” ( Hb 2:14 e 17).
Após Cristo estar de posse de seu corpo humano, ou seja, o Verbo de Deus introduzido no mundo, Ele diz: “Aqui estou, para fazer, ó Deus, a tua vontade... ”. Cristo veio realizar a vontade de Deus, e é através da vontade de Deus que os cristãos são santificados, por intermédio da oferta do corpo de Cristo.
Deus, em justiça e santidade determinou que, através da oferta do corpo de Cristo, todos os homens que crerem terão acesso ao Santo dos Santos por um novo e vivo caminho. Ou seja, somente pode se achegar a Deus aqueles que são santos, ou que foram santificados.
Qual a vontade de Deus que Cristo se ofereceu para realizar: a oferta do Seu próprio corpo. Tal oferta foi feita de uma vez por todas. No sacrifício de Cristo há os méritos seguintes:
a) uma vez por todas, ou seja, o sacrifício é completo de per si. Não há a necessidade de ser complementado por atividades humanas ( Hb 10:11 -12);
b) um único sacrifício com validade eterna: para sempre, e por isso, Cristo se assentou à destra de Deus ( Hb 10:12 );
c) os que são santificados tornam-se perfeitos “... porque com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados ( Hb 10:14 ).
Atributos morais não fazem os cristãos perfeitos. A Santificação em Cristo não decorre de atributos morais, ou de uma melhoria no caráter, ou de qualquer outro elemento humano para 'progredir' em santificação diante de Deus, pois os que creem já são perfeitos pela natureza adquirida em Cristo: filhos de Deus, filhos da luz "Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas" ( 1Ts 5:5 ).
Os que se convertem ao evangelho por crerem em Cristo tornam-se perfeitos por terem adquirido a natureza do Santo, ou seja, por receberem a plenitude d'Ele.
“... aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” Os que 'estão sendo santificados' diz de pessoas que aceitam a Cristo ao longo do tempo, e não de um processo de santificação ( At 2:39 ). Este versículo não dá sustentação à teoria da santificação progressiva ( Hb 10:14 ).
Muitos querem fazer a obra de Deus, mas esquecem que somente Deus pode realizar a sua obra. A obra de Deus, a salvação, é algo já realizado. Não foi dado aos homens e nem aos anjos realizar a obra de Deus, pois é uma obra concluída ( Hb 10:12 ).
Alguns ouvintes de Jesus desejavam saber qual era a obra de Deus, no intuito de realizá-la, e Jesus lhes respondeu: "A obra de Deus é esta: crede naquele que ele enviou" ( Jo 6:29 ). Como isto é possível? Quando o homem crê em Cristo conforme a Escritura, ele recebe de Deus poder para ser feito filho de Deus.
É quando o homem crê que a obra maravilhosa da Regeneração acontece. Deus dá ao homem uma coração puro e um espírito reto, e o declara justo por ser uma nova criatura inculpável ( Ef 4:24 ). Esta nova criatura é Santa por ser participante da natureza de Deus, diferente dos homens no pecado, que são inimigos de Deus por causa da natureza herdada de Adão.
A base da Justificação e da Santificação se apóia no poder de Deus. Para que o homem seja de novo gerado, precisa da semente incorruptível que é poder de Deus para aquele que crê. Quem crê recebe de Deus poder para ser feito (criado) filho de Deus, ou seja, recebe a ação sobrenatural do evangelho ( Jo 1:12 ).
Cristo nunca perdoou pecado com base na idéia da justiça que se administra nos tribunais, e sim, com base em seu poder "Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoais em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa" ( Lc 5:22 -24).
Cristo foi ofertado para que, da mesma forma que Ele foi erguido dentre os mortos, nos também sejamos vivificados através do poder de Deus ( Cl 2:12 ). É através da suprema grandeza do poder de Deus, que foi manifesto em Cristo, quando o ressuscitou dentre os mortos, que o crente assenta nas regiões celestiais ( Ef 1:19 -20 e Ef 2:6 ).
Foi da vontade de Deus que Cristo fosse entregue aos malfeitores. Cristo por sua vez ao se oferecer, fez a vontade do Pai. É através da vontade de Deus que os que creem em seu Filho são predestinados a Filhos por adoção. Deus tornou conhecido estes mistérios concernentes à sua vontade. É a vontade de Deus que nos faz herança para louvor da sua graça e glória.
É nesta vontade que temos sido santificados: através da oferta do corpo de Cristo.